Grande parte deste material já estava disponível na internet, mas era inacessível para a maior parte dos brasileiros por causa da barreira do idioma – apenas 2% da população têm a fluência necessária em inglês para acompanhar a aula de uma grande universidade, repleta de termos técnicos. “Trazer esse material para o português é nossa primeira grande missão. Até o final do ano, metade do conteúdo já estará traduzido, e em 2013 esperamos oferecer somente aulas em português”, explica Carlos Souza, o engenheiro aeronáutico formado pelo ITA que abandonou o seu emprego em uma multinacional para atacar de empreendedor da área de educação.
"Queria criar um negócio em que pudesse ajudar as pessoas”, explica o capixaba, que formatou o projeto quando decidiu passar um ano sabático estudando nos Estados Unidos. “Cheguei lá no começo do movimento Opencourseware, em que grandes instituições de ensino começaram a pensar em maneiras de disponibilizar o seu conteúdo para um público maior do que aquele que tem dinheiro para pagar pelo curso. Depois tomei contato também com o trabalho do Salman Khan, da Khan Academy. Fiquei inspirado em criar algo parecido no Brasil”.
Em apenas três meses de existência, o site já conseguiu 84 milhões de acessos aos seus vídeos e conseguiu exposição nos principais meios de imprensa do país. “Era uma lacuna que o país tinha e estamos tentando ocupar. Por enquanto está dando muito certo. Inicialmente focamos em universitários, professores universitários e profissionais formados, mas estamos atingindo pessoas que não miramos inicialmente. Tenho recebido muitos e-mails de pré-adolescentes e adolescentes que estão acompanhando aulas no site e, quem sabe, tendo ideias sobre uma nova carreira para seguir”.
O interesse foi tanto que o Carlos começou a receber muitas mensagens de pessoas que gostariam de colaborar com o projeto, e com isso veio a ideia da criação de um programa de legendagem colaborativa. Inicialmente, as traduções eram feitas por uma equipe de dez pessoas, mas agora todos que frequentam o site podem ajudar. “Foi nossa primeira mudança de rumo, uma primeira demanda da comunidade que já se forma em torno do site”, diz Carlos.
E para ele isso é só o começo. “O Brasil tem uma necessidade enorme de investir em educação. Recentemente passamos o Reino Unido e nos tornamos a sexta maior economia do mundo, mas em qualquer ranking de educação aparecemos nas piores posições”. Segundo o criador do Veduca, o primeiro passo para a mudança seria o de conscientizar as universidades brasileiras de que a abertura é um conceito importantíssimo para uma necessária mudança no modelo de educação universitária, em transformação desde a popularização da internet.
Para isso, Carlos está negociando com diversas universidades brasileiras para que elas filmem suas aulas e as hospedem no Veduca - a primeira parceria será com a Unicamp, de Campinas, que já trabalha na criação de um projeto para disponibilizar seus cursos na internet. Um segundo passo, já discutido por universidades como MIT e Harvard, é testar e certificar quem assiste esses cursos online. “Queremos criar uma forma de oferecer provas e certificados de que a pessoa passou por aquele curso”, explica.
“A universidade vai ter que mudar muito se quiser sobreviver”, aposta o empresário, que apresenta dados do Comitê Gestor da Internet que mostram que 66% dos internautas brasileiros – cerca de 80 milhões de pessoas – procuram constantemente na web por dicas de educação e treinamento. “O que falta é uma curadoria qualificada para esse conteúdo, e é nisso que se apoia o Veduca”, resume. Em um país que já conta com a quinta maior população de universitários do mundo, 6,1 milhões de estudantes, demanda não faltará.
Interessado? Basta acessar e começar os estudos.
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